Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio em uma operação que investiga fraude em cartões de vacinação
A Polícia Federal (PF) encontrou um documento com instruções para um golpe de Estado no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A informação foi divulgada pela revista “Veja“.
Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio em uma operação que investiga fraude em cartões de vacinação de Bolsonaro, auxiliares e familiares de pessoas próximas ao ex-presidente. O celular dele foi apreendido na operação.
O relatorio feito pela PF diz que o documento foi criado em 25 de outubro de 2022, antes mesmo do segundo turno das eleições. Não há indícios de que o texto tenha sido encaminhado à Bolsonaro, nem de conversas com teor golpista entre os dois.
O documento encontrado é intitulado “Forças Armadas como poder moderador” e traz uma série de ações para desconstituir as instituições democráticas.
Entre as ações está a nomeação de um interventor, o afastamento e abertura de inquéritos contra ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e outras autoridades, e a fixação de um prazo para novas eleições. O documento aponta que as medidas poderiam ser tomadas com autorização do presidente da República.
A minuta afirma, sem apontar provas, que ministros do TSE seriam responsáveis por “atos com violação da prerrogativa de outros poderes”, e afirma que, por conta disso, deveriam ser trocados pelos próximos da fila de substituição no Supremo Tribunal Federal (STF): Kassio Nunes Marques, André Mendonça e Dias Toffoli.
Conversas com teor golpista
No aparelho celular também foram encontradas conversas com o coronel Jean Lawand Junior, então gerente de ordens do Alto Comando do Exército (ACE), que incentivava a realização de um golpe de Estado.
“Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer. Ele não pode recuar agora. Ele não tem nada a perder. Ele vai ser preso. O presidente vai ser preso. E, pior, na Papuda, cara”, afirmou o coronel em um áudio a Cid, em 1º de dezembro de 2022.
Em resposta, Cid disse: “Mas o PR [Presidente da República] não pode dar uma ordem…se ele não confia no ACE”. A sigla ACE é uma referência ao Alto Comando do Exército.
Em 10 de dezembro, Lawand enviou outra mensagem: “Cid pelo amor de Deus, o homem tem que dar a ordem. Se a cúpula do EB [Exército Brasileiro] não está com ele, de Divisão pra baixo está”.
Cid respondeu: “Muita coisa acontecendo…Passo a passo”, e recebeu de volta do coronel a resposta: “Excelente”.
A última troca de mensagens ocorreu em 21 de dezembro do ano passado. O general escreveu: “Soube agora que não vai sair nada. Decepção irmão. Entregamos o país aos bandidos”. Cid respondeu: “Infelizmente”.
À Veja, o coronel afirmou que Cid é seu amigo e que os dois conversavam amenidades. Ele também disse não se recordar de nenhum diálogo de teor golpista.