Celebrado este ano antes do feriado do dia 13 de fevereiro, o Carnaval de Manaus empolgou o público presente
As oito escolas que compõem a elite do Carnaval de Manaus levaram seus sambas de enredo, no sábado (3), para o Centro de Convenções Profº Gilberto Mestrinho – Sambódromo de Manaus – encerrando a terceira e última noite de desfiles.
Abrindo o desfile competitivo, a Unidos do Alvorada trouxe a causa do povo negro para a avenida. Com um enorme navio negreiro como primeiro carro alegórico, a escola desfilou o enredo “Adetutu – O Sonho de uma Mãe Africana”, inspirado na obra “Contos e Lendas Afro-Brasileiros – A Criação do Mundo”, de Reginaldo Prandi, o enredo contou a história da criação do mundo sob a ótica da cosmogonia africana.

A terceira escola a realizar seu desfile foi a Vila da Barra, que homenageou em seu enredo a entidade Zé Pilintra, figura folclórica e espiritual muito conhecida nas tradições afro-brasileiras. A apresentação, inspirada na obra literária “Zé Pilintra: O Rei da Malandragem”, referenciou diversos elementos relevantes na história do personagem, com direito à roda de capoeira e fantasias retratando jogos como dados e cartas. Infelizmente, a escola acabou ultrapassando o limite máximo de 70 minutos, passando pela avenida em uma hora, dez minutos e 29 segundos, e deve perder um décimo de sua pontuação, de acordo com o regulamento.
A escola de samba Reino Unido da Liberdade trouxe o enredo “Matriarcas”, que celebra o poder e a sabedoria das mulheres que exercem o forte papel de figuras maternas. O desfile apresentou em sua primeira alegoria a figura “Mãe Terra”, e deu continuidade ao espetáculo representando as mais diversas figuras de mães ao redor do mundo. Em uma apresentação vibrante e cheia de cores, a agremiação destacou a importância dessas mulheres em diferentes sociedades, reverenciando suas contribuições e narrativas.

Atual bicampeã do Grupo Especial do Carnaval de Manaus, a Mocidade Independente de Aparecida desfilou em busca do tricampeonato. Com o enredo “O Madeira é Testemunha. A Floresta, o Berço. Luta, Suor e União para a Eternidade. Aparecida vem mostrar a Saga da Família Cidade”, a escola contou a história da família, aproveitando para exaltar a amazonidade de todas as famílias que migram do interior para a capital.

A Grande Família levou para a avenida um clamor pela preservação da fauna, da flora e dos povos nativos. Ao longo dos 70 minutos, a Gigante da Zona Leste, defendeu o enredo “Kianumaka-Manã – a Protetora da Floresta”. Com o saudosismo de quem perdeu no ano passado um dos maiores entusiastas e fundador da escola, Luiz Gilberto, a comunidade vermelha e branca saiu com garra em busca do título.

Penúltima escola a adentrar a Avenida do Samba, a Vitória Régia também levantou a bandeira da necessidade de preservação e reciclagem. Com o enredo “Arte e Magia, Samba e Reciclagem: Na Natureza Nada se Cria, Nada se Perde, Tudo se Transforma”, a Verde e Rosa entrou com os integrantes da Comissão de Frente caracterizados de árvore e continuou durante todo o desfile com alegorias e fantasias que utilizaram muitos materiais recicláveis. O recado foi claro: sem preservação, não há vida e, sem vida, não há samba, Carnaval e desfiles.
A última escola a desfilar, na manhã de domingo, a Dragões do Império contou a saga do povo africano escravizado e clamou por liberdade. Estreante do grupo especial, a escola do bairro de São Jorge, levou para avenida o enredo, “Baobá-Rompendo as Correntes da Escravidão”, representada por carros alegóricos imponentes, alas coreografadas e fantasias representativas.

Na segunda-feira (5), serão conhecidas as campeãs do Carnaval de Manaus 2024. No Sambódromo, às 10h, acontece a apuração das notas das escolas de Acesso A e B e, às 14h, do Grupo Especial.
Carnaval na Floresta
O novo calendário adotado pelo Carnaval na Floresta agradou ao público ao mesmo tempo em que movimentaram a economia do estado.
Para o secretário da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Marcos Apolo Muniz, a antecipação dos desfiles reflete na presença do público que, aos poucos, foi tomando o Sambódromo. “Na verdade, esse é um modelo que já é seguido por outros estados, tira a gente da data quando acontece no eixo Rio – São Paulo e permite que as pessoas possam aproveitar o Carnaval, saírem para o feriado e até prestigiar outros carnavais”, confirma o secretário.
O Carnaval, que proporciona diversão, também gera renda para empreendedores locais, como o Marquinhos da Esfiha, que participa dos eventos no Sambódromo desde a inauguração do complexo, em 1992. Retorno das vendas, e emprego para mais de 70 pessoas. “Hoje emprego diretamente 10 pessoas e indiretamente 65, em todos os blocos e bandas de Carnaval, e com esses segmentos. Espirra, pizza, batata, cachorro quente, carne de sol”, disse Marquinhos.
Para os artistas amazonenses, o período carnavalesco também merece ser comemorado. “Com certeza gera emprego e renda. Isso aqui é feito por vários artistas que dependem do Carnaval”, afirma o compositor Marlon Oliveira.
O presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Amazonas, Roberto Simonetti, acredita que neste ano, a festa composta por várias frentes, ganhou ainda mais força.
Demais ações
Compondo o Carnaval na Floresta, 51 blocos e bandas de Carnaval receberam o apoio cultural do Governo do Estado, por meio de edital. Até o dia 30 de março, os blocos credenciados vão movimentar as ruas da capital e do interior do estado.
A temporada bovina, representada pelo Carnaboi, neste ano acontece no pavilhão do Centro de Convenções Studio 5, no Distrito Industrial, nos dias 9 e 10 de fevereiro. Os Esquentas do Carnaboi, serão na plenária do centro de convenções, nesta segunda, terça e quarta-feira (5 a 7). Entrada gratuita.
Contribuindo com a descentralização das ações carnavalescas, pelo segundo ano consecutivo, a zona norte de Manaus recebe o Carnaval do Povão, no Parque Amazonino Mendes, no Novo Aleixo. Do dia 16 a 18 de fevereiro, se apresentarão, na alameda Alphaville, as escolas do grupo experimental do Carnaval de Manaus.
Com informações da Assessoria Secom