Alunos de Medicina relatam perseguições, comércio ilegal de bolsas, assédio moral e sexual e omissão da direção; “Estamos sendo silenciados e ameaçados”, afirmam.
O portal Ronda Geral AM recebeu, na tarde deste sábado (21), uma denúncia coletiva de extrema gravidade feita por estudantes de Medicina da Faculdade Afya de Manacapuru, no interior do Amazonas. Segundo os relatos enviados, os alunos estariam sendo vítimas de perseguição, coação, humilhações públicas, práticas abusivas em sala de aula e nos estágios, além de supostas irregularidades envolvendo bolsas de estudo. As denúncias também apontam um ambiente de impunidade e medo, com omissão por parte da mantenedora nacional da instituição.

De acordo com o documento enviado ao portal, os abusos estariam sendo promovidos por figuras de liderança da faculdade. “A diretora Karen Ribeiro e a coordenadora Patrícia têm perseguido e coagido alunos constantemente. Reclamações legítimas feitas por nós são ignoradas, e quem tenta se posicionar é ameaçado de sofrer represálias acadêmicas”, diz o grupo. Segundo os denunciantes, frases como “se não estiver satisfeito, pode abandonar o curso” são frequentemente utilizadas pela gestão como forma de silenciamento.

Os relatos se agravam ao descrever situações dentro de ambientes clínicos e cirúrgicos. “O professor Dr. Petrônio humilha alunas na frente de todos e já houve constrangimento de estudantes, forçadas a realizar procedimentos íntimos em pacientes, sem consentimento ou preparo”, denunciam. Os casos, segundo os estudantes, podem configurar abuso moral e violação de ética médica e educacional.

Outra acusação de extrema seriedade envolve um esquema conhecido como “rachadinha” de bolsas de estudo. Os estudantes afirmam que bolsas estão sendo vendidas dentro da própria faculdade, o que, além de ilegal, caracteriza prática antiética e excludente. “Quem não compactua com o esquema é excluído de oportunidades e sofre retaliações”, relatam.

Também foram apontadas relações consideradas impróprias entre docentes e alunas. Um dos nomes citados é o do professor Israel, acusado de manter envolvimentos pessoais com estudantes, o que levanta sérias questões sobre abuso de poder e violação dos códigos de conduta.

Apesar das inúmeras denúncias encaminhadas à mantenedora nacional da Afya, os estudantes afirmam que nenhuma medida concreta foi adotada. “A situação só vem piorando. Quem tenta denunciar recebe ameaças veladas. Estamos sendo silenciados”, relatam, pedindo ação urgente do Ministério da Educação, Ministério Público, imprensa e órgãos de fiscalização.
Ainda de acordo com os denunciantes, que pediram para não ter os nomes divulgados por temerem represálias, eles pretendem buscar todos os meios legais e recorrer a órgãos reguladores e fiscalizadores da educação superior para que uma auditoria rigorosa seja realizada na instituição. “Não vamos recuar. Precisamos de apuração, justiça e responsabilidade”, afirmam.
“Estamos pedindo socorro. O ambiente se tornou hostil, abusivo e emocionalmente insustentável. A formação médica é algo sério, e não podemos aceitar que o futuro da nossa profissão seja construído em meio a práticas tão antiéticas, abusivas e ilegais”, concluem.
Espaço aberto para a versão dos citados
O portal tentou contato com a instituição por meio do telefone (92) 3878-3785, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria. As ligações foram realizadas, o telefone chegou a chamar, porém não foi atendido.
A equipe do Ronda Geral AM está à disposição para publicar a manifestação oficial da Faculdade Afya de Manacapuru, da diretora Karen Ribeiro, da coordenadora Patrícia, dos professores mencionados — Dr. Petrônio e professor Israel — e da mantenedora nacional Afya Educacional, garantindo o direito à ampla defesa e ao contraditório.
