A invasão da Ucrânia completa 11 meses nesta terça-feira (24) com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) rompendo mais um tabu: o fornecimento de tanques para os ucranianos.
A entrega desse tipo de armamento marca um novo objetivo: não só evitar a vitória russa, mas possibilitar a vitória ucraniana.
Os Estados Unidos saíram na frente, ao decidir enviar os seus tanques Bradley, usados na guerra do Vietnã e já retirados de operação no Exército americano, mas que ainda estão em plenas condições de serem empregados.
Em seguida, vieram a França, com seus AMX10-RC, e o Reino Unido, com os Challengers 2.
A Alemanha, no entanto, tem sido cobrada para fornecer os seus Leopard 2, e autorizar os países europeus que têm esses tanques a enviá-los para a Ucrânia.
Como fabricante, a Alemanha detém essa prerrogativa. Os Leopards são mais eficazes do que os franceses e britânicos.
O chanceler alemão, Olaf Scholz, reluta, por duas razões.
Primeiro, pelo simbolismo. A última vez em que tanques alemães rolaram sobre o solo ucraniano foi na invasão nazista da União Soviética, durante a Segunda Guerra Mundial.
Além disso, Scholz teme ser responsabilizado por uma escalada no conflito, e a reação do ditador russo, Vladimir Putin, que tem chantageado o Ocidente com um eventual uso de armas nucleares.
Funcionários não identificados disseram que o governo alemão se sentiria mais seguro em dar esse passo se os Estados Unidos fornecessem seus tanques de última geração M1 Abrams.
O presidente Joe Biden também hesita em dar esse passo, defendido, por exemplo, pelo novo presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados dos EUA, Michael McCaul. O que, por sinal, desmonta a tese de que os republicanos defenderiam a redução da ajuda militar à Ucrânia.
Vários países do Leste Europeu, que são os mais vulneráveis ao imperialismo russo, e que possuem tanques Leopard 2, pressionam a Alemanha a autorizar o envio, e a também fornecer essas armas de seu próprio arsenal.
O primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, avisou que vai enviar os tanques para a Ucrânia, mesmo sem a autorização alemã.
O novo ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, pediu mais tempo para decidir. Mas a tendência é a Alemanha ceder. O que não significa um desfecho rápido para a guerra.
Pelo contrário. Se a Ucrânia terá dezenas de tanques, a Rússia dispõe de centenas, embora menos sofisticados. Os ucranianos lutarão para liberar seus territórios. Os russos resistirão, porque Putin considera que essa derrota o enfraqueceria politicamente.
O cenário mais provável é de uma longa guerra de atrito.
Via: CNN Brasil