Operação “Cavalo de Troia” prendeu advogado, esposa e estudantes de Direito suspeitos de movimentar milhões com fraudes em benefícios do INSS
A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) desarticulou, nesta sexta-feira (7), uma quadrilha suspeita de aplicar golpes em idosos em Manaus e em municípios do interior, como Lábrea e Borba. A operação, batizada de “Cavalo de Troia”, resultou na prisão de sete pessoas, entre elas um advogado apontado como líder do esquema, sua esposa e três estudantes de Direito.
De acordo com as investigações, o grupo se apresentava às vítimas alegando haver irregularidades em benefícios previdenciários, como descontos indevidos no INSS. Após conquistar a confiança dos idosos, os suspeitos pediam a assinatura de documentos e tiravam fotos, utilizando as informações para realizar empréstimos e abrir contas bancárias em nome das vítimas.
Meses depois, os próprios criminosos ingressavam na Justiça com ações fraudulentas contra instituições financeiras, afirmando que os beneficiários não haviam recebido os valores contratados. Segundo a PC-AM, o grupo teria protocolado mais de 3,7 mil ações falsas ao longo de três anos.
O advogado apontado como mentor
O advogado Helioenay Naftaly Pinheiro da Silva foi identificado como o mentor intelectual e jurídico do esquema. Ele foi preso em Lábrea, no sul do Amazonas. Conforme a polícia, Helioenay coordenava a falsificação de documentos, a abertura de contas bancárias e o ajuizamento das ações falsas.
Ainda segundo as investigações, o advogado orientava os demais integrantes sobre como usar os dados das vítimas para obter empréstimos e indenizações fraudulentas.
A esposa e o papel nas redes sociais
Entre os presos está Laíssa de Souza Martins, esposa do advogado. Nas redes sociais, ela exibia uma vida de luxo e publicava vídeos ensinando “técnicas” para lucrar mais de R$ 20 mil por mês, mesmo sem registro na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). A polícia afirma que Laíssa ajudava a movimentar o dinheiro dos golpes e a recrutar novos participantes para o esquema.
Estudantes de Direito participavam das fraudes
Três estudantes de Direito — Adriano de Souza Passos, Thaís Alves da Silva e Jonatas Santos da Silva — também foram presos. Segundo o delegado Jorge Arcanjo, responsável pela operação, eles falsificavam documentos, preparavam petições e protocolavam ações em nome das vítimas.
Outros envolvidos e apreensões
Foram detidos ainda Gessilda Rodrigues Brasil e Thaylon Gabriel de Matos Cordeiro, suspeitos de fornecer dados e contas bancárias para movimentar o dinheiro obtido ilegalmente. Durante as buscas, a polícia apreendeu carros de luxo, celulares, documentos falsos e outros bens comprados com o dinheiro das fraudes.
“Cavalo de Troia”
O nome da operação faz referência à tática usada pelo grupo: se apresentar de forma legítima, mas agir de dentro do sistema bancário e jurídico para enganar as vítimas.
Os suspeitos devem responder pelos crimes de estelionato, falsificação de documentos e associação criminosa.
A Polícia Civil informou que mais detalhes sobre o caso serão divulgados em coletiva de imprensa.
