Um vídeo compartilhado recentemente nas redes sociais causou comoção ao mostrar três estudantes da Escola Municipal São Jorge, localizada na comunidade Membeca I, na zona rural de Caapiranga, no interior do Amazonas, atravessando um rio a nado no retorno das aulas. Segundo relatos, os alunos nadam para buscar uma canoa do outro lado e trazer os colegas que não sabem nadar, uma situação motivada pela ausência de transporte escolar ou apoio de autoridades locais, que, segundo moradores, não disponibilizaram ninguém para realizar a travessia de forma segura.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação de Caapiranga explicou que, normalmente, os próprios alunos utilizam canoas para se deslocar. “Porém, em algumas situações, colegas que saem primeiro acabam levando as embarcações antes da chegada dos demais. Nessas ocasiões, alguns estudantes acabam atravessando o rio a nado, por iniciativa própria”, afirma o comunicado.
Não é a solução ideal, mas reflete a realidade local, comentou uma moradora, que preferiu não se identificar, sobre a autonomia que as crianças desenvolvem desde cedo ao lidar com as condições adversas.
O vídeo viralizou e despertou preocupação sobre os riscos à integridade da criança. Especialistas em educação e mobilidade escolar destacam que garantias básicas de transporte devem ser estendidas também a áreas ribeirinhas como a comunidade Membeca, onde rios são verdadeiros corredores de acesso à escola.
A travessia de rios usando canoas é uma realidade constante para muitas comunidades ribeirinhas da Amazônia, mas depender exclusivamente da iniciativa infantil agrava os riscos, especialmente para os que não sabem nadar.
A mobilização dos moradores nas redes sociais já se fortalece como um instrumento de pressão. A expectativa é que a Prefeitura de Caapiranga acelerem a implantação de um transporte escolar adaptado ou apoio para travessia segura.
A imagem das crianças nadando no rio, ainda que mostre resiliência e coragem, evidencia uma ausência estrutural que deve ser tratada com urgência. A garantia de transporte adequado não é apenas uma demanda logística, mas um direito básico assegurado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente. A expectativa é que a repercussão provoque mudanças efetivas e duradouras na comunidade de Membeca.
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